Wednesday, April 19, 2006

TRABALHO, NOITE, MOÇAMBIQUE, EÇA

Uns a trabalhar, outros a descansar...nem sempre a ordem dos factores é arbitrária!

São quase três horas da manhã. Não queria ir para casa sem colocar mais este Post. No entanto, decididamente, quanto mais pressa mais vagar, diz o povo e tem razão. Com frequência, todos nós temos ocasião de confirmar este ditado popular. Tinha um texto já teclado, demorou-me uma meia hora a escrever e, às páginas tantas, evaporou-se, melhor dizendo, volatilizou-se. Deficiências da informação digital. Não se guardem convenientemente os bits e vão ver o que lhes acontece! Quando vamos pela informação nem rasto dela. Ora bolas!
Estou a tentar remediar o mal. Claro que já não consigo escrever da mesma forma que já o tinha feito, agora está a brotar ao sabor das tecladas, já com menos paciência, como é óbvio, e não como eu gostaria que fosse. Paciência - paciência o r... - que já se está a esvair...com o cansaço, o sono, o desânimo. Não há dúvida que o melhor é ir dormir, que o meu mal é mesmo a necessidade de uma boa soneca!

Estou no Largo da Sé, em Leiria, no primeiro andar da casa que se vê na foto. Tirei-a quando vinha a descer a calçada do Castelo/governo Civil (eu sei que tem nome de cónego...) a caminho deste local, para mais um serão de trabalho. Esta é a chamada "Pharmácia Paiva"*, na parte mais iluminada, com fachada em azulejos, dizem alguns entendidos que "Vúva Lamego".

O meu escritório é no 1º andar, por baixo funciona um bar, o barulho da música tipo batuque, que não consigo apreciar, por isso é que tenho estado a ouvir no meu computador outro tipo de música, mais a meu gosto, mais melodia, mais suave, talvez mais ao jeito do estilo da música dos anos 60.
O barulho que vinha de lá de baixo já acabou (parece que os clientes do bar já se calaram, já terão regressado às suas residências; o prédio é antigo, o soalho de madeira, o isolamento também deixa muito a desejar). Fazia-me recordar os meus tempos de África, Moçambique, batuques dos indígenas à volta de Nampula, até altas horas da madrugada, aos fins de semana, só que nessa altura eu tinha 21, 22 anos de idade e até achava graça. Estava a cumprir o serviço militar obrigatório e, por mais um acaso da vida, até consegui ter a viver comigo a minha mulher (tínhamos casado há uns meses atrás) e logo a seguir nasceu a Inês, o que me ajudou a fazer a tropa, naquele longínquo mas bonito, diria mesmo mágico, lugar, abraçado com fervor ao Índico, praias lindas, com águas tropicais e serenas, apesar de termos de viajar 400 e tal km para as apreciarmos, grande parte em picada. E os 8 dias que passámos na Ilha de Moçambique de então? Aquela combinação de religiões, uma mesquita – lavar os pés à entrada - o Forte na ponta Norte, as Igrejas, uma capela ortodoxa, os riquexós (uma volta completa à Ilha, 2 km por 500/600 metros, quanto é? - Dez escudos - fiquei chocado, paguei 200 escudos...). O cheiro intenso da terra, vermelha, após uma brutal chuvada de 5 minutos, as plantas a desenvolverem-se aos nossos olhos, parecia até que as víamos a crescer, milímetro a milímetro. Fantástica terra! Simples miragem da minha memória? Os relatos actuais que vemos e ouvimos começam a atestar que aquela área se está a desenvolver, social, política e até economicamente. Ainda bem!
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Já agora. Esta é a casa de que lhes tenho falado nos Posts sobre Eça de Queiroz em Leiria. É da família mas só uso o 1º andar para escritório. Era aqui a "botica do Carlos" em cujo estabelecimento, no local do bar atrás referido, se passam muitas cenas do célebre romance "O Crime do Padre Amaro".
Gostava de lhes falar mais sobre este assunto mas, por ora, já não há tempo e amanhã, logo pela manhã, recomeça o "batente".
Contas e relatórios, que estamos em época de fechar os Balanços e apresentar as contas do ano que findou e já lá vão 3 meses e tal. Agora é a época de enviar os ficheiros necessários ao Fisco, declarações e mais declarações, que chatice! Ainda que já se processem digitalmente, mesmo assim continuam a ser um exgero. Fala-se em desburocratização, mas não vejo maneira de se passar à prática essas boas intenções. Há que despachar, deixemo-nos de conversas fiadas. Está-se a perder tempo em demasia com informação em duplicado, triplicado, sei lá que mais.
Vamos à desburocratização, JÁ!...
Boa noite.

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* Leia-se uma reportagem do “Jornal de Leiria”, suplemento “Viver” da semana passada.
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asn
Posted by Picasa

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